O que faz multidões caminharem para Fátima?  

Nesta semana, uma vez mais, tivemos a enchente de peregrinos no Santuário de Fátima. Vieram dos vários continentes e de muitos países, uns a pé, outros de carro, autocarro ou avião. Porquê esta deslocação de tanta gente? O que a atrai em Fátima, justificando despesas e tantos sacrifícios, tão incompreensíveis aos olhos de outros? Os peregrinos buscam um bem para si e para o mundo. 

Falei com uma pessoa que, há quinze anos, dá apoio a um grande grupo de peregrinos a pé que vem de Amarante, durante uma semana. Este ano, entre caminhantes e apoiantes, eram cerca de 400 pessoas. Sentia-se feliz e disse-me que este grupo começou com poucas pessoas e já vai nesta multidão. O que as move? A fé, a devoção a Nossa Senhora e a experiência espiritual da peregrinação. Muitos fazem-no anos e anos seguidos, sem receio dos sacrifícios que comporta. Sentem-se bem nesta caminhada juntos com muitos outros. 

As pessoas vão a Fátima porque não se conformam que a sua vida se gaste no trabalhar, cuidar da família, conviver com os amigos e família e cuidar do ambiente. Têm no coração preces e gratidão a Deus e à Virgem Santa Maria. Têm esperança de que serão escutados, pois a Senhora que ali se manifestou não deixa de mãos vazias quem por Ela chama com a confiança de filho que se dirige à sua mãe. Numa palavra, desejam experimentar os bens que a fé promete a quem a vive. 

Fátima atrai porque ali o Céu se abriu sobre a Terra e, mais de um século depois, essa abertura mantém-se. Rasga-se sobre o nosso mundo um horizonte divino ilimitado. O nosso olhar é iluminado e enxerga o invisível. Com a graça divina que ali se recebe, a alma dilata-se e torna-se mais resiliente e esperançosa. 

Naquele lugar, sente-se algo de especial, a graça e a força de Deus, a misericórdia e a ternura da Mãe do Céu infunde confiança e esperança. Mais: muitos encontram ali a cura para os seus males físicos e/ou espirituais. Vão lá rezar, agradecer e receber a força de vida que vem do Alto. Por outro lado, reconhecem que a peregrinação lhes faz bem, muito bem mesmo. E assim partem diferentes e mais animados para a sua vida quotidiana.  

É verdade que não nos podemos contentar com uma vida saudável de bem-estar material e satisfação pela boa família e relações de amizade gratificantes. Muitos não têm esse viver e outros, com frequência, perdem esses e outros bens fundamentais. Antes e tudo e em tudo, precisamos de encanto pelo maravilhoso divino que se infunde e brota na nossa alma. O que pode suportar e alimentar a vida, tanto nas circunstâncias felizes como nas adversidades e frustrações, é o vigor, a luz e a confiança que se recebe do Céu.  É com uma sã e vigorosa espiritualidade e fé que podemos levar melhor por diante a nossa vida. Experiências como a da peregrinação a Fátima ajudam-nos muito. 

Padre Jorge Guarda 

14.5.2025