Eclipse 

Para os antigos chineses, o eclipse acontecia quando um dragão cósmico devorava o Sol. Era necessário assustar o monstro, para que o astro pudesse regressar. Em todas as culturas o surgimento de um eclipse, sobretudo do Sol, era um sinal terrível, que assustava a população. Sem conhecimentos científicos, associavam ao fim do mundo. 

Agora, mesmo sabendo que não é um dragão, mas que é a Lua que passa à frente do Sol e o oculta temporariamente, a magia do momento não se perde. Com os avanços científicos, os astrónomos passaram a poder prever com grande rigor a ocorrência destes fenómenos. Não é muito frequente, mas também não é completamente raro. Ainda há poucos anos, em 2017, Portugal assistiu a um eclipse solar parcial.  

Por estes dias voltamos a ter oportunidade de ver este fenómeno. No sábado durante a manhã haverá um eclipse parcial visível em Portugal. 

É necessário, contudo, ser prudente. Está fora de questão olhar diretamente para o Sol, aliás isso é totalmente impossível. Também não é possível tentar com vulgares óculos de sol, que não oferecem proteção suficiente nem adequada. Tentar a observação sem dispositivos apropriados pode ser perigoso. Há nas lojas especializadas em astronomia óculos com filtros que tornam possível observar em segurança, mas essas lojas não são facilmente acessíveis. Comprar através da internet também requer alguns dias para as entregas. 

Mas há soluções improvisadas que podem ajudar. A mais comum é recorrer a óculos de soldar, que incluem filtros de luz suficientes. Ou, a mais comum, fazer uma observação indireta. Basicamente, usa-se uma folha com um furo minúsculo para improvisar uma “projeção” da imagem do sol. O furo atua como as lentes das máquinas fotográficas, e aproximando de uma superfície lisa consegue-se focar a imagem do Sol projetada. Olhar para essa projeção é seguro e é possível ver o contorno circular da nossa estrela ser “devorado” pela Lua que se intromete no caminho dos raios de luz antes de chegarem ao nosso planeta. 

Se as nuvens não estragarem a festa, no próximo sábado de manhã marcamos encontro com o Sol e com a Lua. Será uma espécie de ensaio para nos prepararmos psicologicamente para o próximo ano. Em agosto de 2026 vamos ter direito a assistir na primeira fila a um eclipse total. 

João Filipe

Diretor do jornal