Violência a aumentar em Ourém
Há uns anos, atribuía-se ao álcool a maioria dos casos de violência doméstica ocorridos no concelho de Ourém. Hoje as coisas são diferentes e as situações mais complexas. O álcool não ficou fora da equação, mas chegaram outras realidades, quer com outros povos e outras culturas, quer com o estado emocional e de ansiedade em que as pessoas vivem atualmente
No ano passado verificaram-se 38 novos casos de violência doméstica, face aos 22 de 2003, ou seja, as três assistentes sociais e a psicóloga do Espaço M em Ourém, acompanharam 51 processos, em 2004. Um grande aumento, mas que não pode ser levado completamente em conta porque, a verdade é que as coisas têm vindo a mudar. Lentamente, no nosso país diminui a cultura do “come e cala” e, contrariamente ao que acontecia antes, as pessoas vão-se habituando à ideia que a violência doméstica é crime e que, como tal, deve ser denunciado.
Todos estes novos casos dizem respeito à violência exercida sobre mulheres e, de acordo com a vereadora responsável por esta área, já não pode falar-se apenas, ou quase só, em situações provocadas pelo álcool. A nova realidade, com a presença de novas nacionalidades e culturas, torna mais complicado fazer uma análise simplista. Mas mais do que isso, vivem-se hoje tempos conturbados, o que se reflete nas pessoas, que acabam por descarregar as suas ansiedades em quem lhes está mais próximo, principalmente no cônjuge, mas também nos filhos e idosos. No caso dos filhos, normalmente, as situações são detetadas pelas escolas que as encaminham para a CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens). Já no que toca aos idosos, as coisas são bem mais complicadas porque as suas fragilidades remetem-nos ao silêncio e só acabam a ser detetadas por médicos ou enfermeiros, aquando de consultas e tratamentos