A “aequalita” da primavera
Ana Freire
Assinalando a saída do inverno, estação associada ao frio, à introspecção e à quietude, ontem, 20 de março, “chegou” a primavera, estação do ano que traz a renovação da natureza. As árvores, desnudadas do inverno, ganham nova folhagem, ficando mais verdes, as flores começam a desabrochar e os animais tornam-se mais ativos.
Nesse dia de início da primavera ocorre o chamado equinócio da primavera, em que o dia e a noite têm a mesma duração, havendo equilíbrio entre a luz e a escuridão, devido à posição da Terra relativamente à luz da radiação solar, que incide igualmente sobre os hemisférios norte e sul. Este evento astronómico de mudança para a primavera é cheio de simbolismo: o recomeço e o crescimento, a renovação e o equilíbrio. Nalgumas culturas a chegada da primavera está associada a festivais de renovação e celebração da vida, onde a ideia de igualdade entre os seres vivos, os ciclos da natureza e os elementos do mundo é um tema recorrente.
A ideia de igualdade entre o dia e a noite pode ser apresentada como um convite à reflexão sobre justiça, igualdade, equidade e harmonia nas relações humanas, sociais e ambientais, numa mensagem de paz fundamental para o progresso da sociedade. A comunidade científica, através do evento mundial promovido pela astronomia “Equal Day”, procura também difundir essa mensagem de paz. Este evento, que teve lugar no passado dia 20, procura realçar o simbolismo do equilíbrio natural, destacando o acesso igualitário às oportunidades, independentemente das circunstâncias pessoais ou sociais. Meditando no simbolismo do equinócio da primavera, o Equal Day recorda-nos que a luta pela igualdade é contínua e essencial para a construção de um mundo mais equilibrado e mais justo, no qual todos possam prosperar igualmente. É uma oportunidade de questionar os desafios que muitos ainda enfrentam neste nosso mundo, contribuindo dessa forma para uma sociedade mais justa, onde as desigualdades sejam diminuídas, e haja “aequalita”.
O equinócio da primavera serve-nos de metáfora para a promoção da equidade em vários contextos, como nos direitos humanos, na igualdade racial, na luta contra todas as formas de discriminação e, já agora, no empoderamento das mulheres. A mudança para a primavera lembra-nos que, tal como o dia e a noite se equilibram, também nós devemos trabalhar em prol da justiça e, assim como a natureza cresce e floresce na primavera, todos devem ter oportunidades iguais de crescer e florescer.