Dia Mundial do Enoturismo
As Quintas do Olival e a sua História
Foi no Domingo que dois dos autocarros menores da Câmara não chegaram para conduzir todos quantos se apresentaram para ter uma excelente visita às quintas medievais da vila do Olival.
Esta visita, promovida pelo município foi guiada pelo historiador e investigador Acácio de Sousa, profundo conhecedor do local, até porque ali tem as suas origens, familiares e amigos, como fez notar.
Iniciado no parque de estacionamento da Junta de Freguesia do Olival, e logo ali, o historiador referiu a antiguidade das quintas que nos chegam de épocas medievais, algumas ainda do tempo em que templários e monges de Cister, andavam por ali, ou seja, há cerca de 900 anos. Aliás, como explica Acácio Paiva, há uma “carta de doação da Quinta da Granja, do nosso primeiro rei, Afonso Henriques, datada de 1178”.
Nesta época haveria três grandes quintas no Olival que se foram dividindo ao longo dos tempos e, com as invasões francesas, as terras acabariam mesmo por ficar ao abandono.
Hoje restam “cinco Quintas com Casa Grande” sendo que uma está em recuperação e só duas têm vinha, sendo que a única a produzir vinho é a Quinta do Montalto que se mantém fiel às antigas produções, não só através da “receita” medieval para fazer o histórico e único vinho Medieval português, como também aposta em outros vinhos mas com cultura biológica, sem os químicos utilizados modernamente. Contudo é sabido que a maioria dos outros, pequenos, produtores de Ourém produzem medieval porque a fórmula de o fazer tem vindo a ser passada de geração em geração e porque as vinhas são velhas e das castas devidas como o requer este vinho, suave ao palato mas com um teor de álcool a rondar os 14 graus ou mais.
Como o nome indica, o Olival era terra de oliveiras desde o início do reino de Portugal, até ao terramoto de 1755, tendo depois passado a produzir milho e trigo, mas sem deixar o vinho.
Há “vinho em abundância que, havendo muitos bêbedos, não o conseguem consumir”
Aliás, Acácio Paiva conta, com muita graça, que em 1758, ou seja, pouco depois do terramoto, o marquês de Pombal terá feito um inquérito junto dos padres para saber o que se cultivava pelo país.
O padre do Olival responde que “tem esta freguesia bastante trigo, milho que basta e vinho em abundância que, havendo muitos bêbedos, não o conseguem consumir”.