Eleições

Este domingo é dia de eleições. O sentimento que parece prevalecer é o de incerteza, porque muita gente manifesta a sua indecisão, mesmo depois de semanas de debate e de campanha insistente. Demasiado presente nas notícias, dizem muitos, perante um desenrolar constante de comentadores e caravanas que tomam o espaço noticioso até ao cansaço. 

Não é certamente pela falta de visibilidade das propostas que muitos continuam sem saber ao certo que decisão tomar. Em toda a linha política, da esquerda à direita, parece haver opções que são evidentes ou para umas pessoas ou para outras. Ou até medidas que parecem consensuais a toda a sociedade. Mas em simultêneo, as mesmas forças políticas que nos fazem propostas interessantes apresentam também outras que são completamente inaceitáveis. E se por umas razões poderiam facilmente ser a nossa escolha, por outras razões acabam por nos afastar. 

Para além das motivações óbvias da ideologia de cada um, nestas eleições temos visto muito debatido o sentimento estratégico das possíveis alianças pós-eleitorais. Por vezes, mais do que olhar para os partidos olha-se para os alinhamentos, de esquerda ou de direita, ponderam-se as maiorias que se podem formar no Parlamento a partir do dia 11. 

Para além destas dificuldades, já ninguém ignora que a votação é para eleger um Parlamento, não é para eleger um primeiro-ministro e muito menos um governo. Serão os deputados que vão ter de aprovar ou rejeitar a formação de um governo, liderado mais à esquerda ou mais à direita. 

E também já todos sabemos que a eleição é por distritos e, por isso, os símbolos em que votamos dizem respeito a uma lista de pessoas que concorre por Santarém e de quem sabemos muito pouco. Na verdade dificilmente teremos oportunidade de votar nas pessoas que a nível nacional são o rosto mediático de cada partido. Os “cabeças de cartaz” são muitas vezes candidatos por Lisboa e não por Santarém. 

Enfim, é mesmo uma escolha difícil. E essa incerteza acaba por esvaziar o valor das sondagens, podendo perfeitamente repetir-se agora o cenário das últimas eleições, com os resultados finais a desdizerem redondamente os prognósticos. 

Mas todas essas dificuldades terão de ser superadas. E idealmente todos nós faremos uma escolha acertada e no dia da votação esperamos que ninguém falte ao dever cívico de dar a sua palavra sobre o rumo que desejamos para o país. 

João Filipe

Diretor do jornal