25 de Abril : Memória da Revolução
Na década de 60 e até à Revolução do 25 de Abril, aos 18 anos todos os rapazes sabiam que os esperava o serviço militar e, aflição das famílias, a guerra em África, onde milhares perderam a vida ou ficaram com marcas profundas.
Nascido em 1947, a 2 de Março, no Casal da Igreja, Formigais, Carlos Inácio Gonçalves conta-nos como foi o antes do 25 de Abril.
“Fui para a Força Aérea em Fevereiro de 1965, tinha 18 anos incompletos. Estudava no Colégio Fernão Lopes em Ourem e ajudava a minha mãe nalgumas tarefas. O meu pai estava emigrado em França.
Estava na tropa há 2 anos, quando fui enviado para África, Moçambique, em Fevereiro de 1967, tinha 21 anos incompletos. Fui colocado numa unidade da Força Aérea em Nacala.
A viagem foi espectacular, a bordo do Paquete Príncipe Perfeito, com paragem no Funchal, Luanda, Lobito, Cidade do Cabo, Durban e Lourenço Marques. Depois, de avião de Lourenço Marques para Nampula, e de Nampula para Nacala de comboio.
Estive em Moçambique durante 27 meses, mas só 3 deles em zona operacional com Paraquedistas. As tarefas que me foram distribuídas relacionavam-se com a minha especialidade: Operador de Comunicações, que consistia no uso de Código Morse, cuja “música” eu adorava.
No 25 de Abril já estava em Portugal há quase 5 anos.
Depois de regressar procurei arranjar emprego, e consegui ao fim de cerca de 6 meses.
A passagem por África foi um marco na minha vida devido ao que vivi relacionado com o serviço militar. Faleceram em combate 5 camaradas meus, o que jamais esquecerei.
Quanto a outras questões, tudo passou e jamais voltará.”