Casa do Povo de Fátima assaltada

Prejuízo superior a quatro mil euros e estragos avultados

A Casa do Povo de Fátima foi assaltada na madrugada de quarta-feira, 24 de setembro. Os meliantes levaram um cofre que guardava cerca de quatro mil euros, cartões bancários e documentos importantes da associação. O caso está a ser investigado pela GNR e pela Polícia Judiciária

CARLA PAIXÃO

Segundo Estela José, presidente da associação, tudo aconteceu após a Casa do Povo ter fechado as portas na noite de terça-feira. “Encerrámos as atividades normalmente. Saímos da instituição por volta da meia-noite e o meu colega deixou tudo trancado, como de costume”, começou por explicar. Foi na manhã seguinte, por volta das 9h50, que uma colaboradora, acompanhada pela professora da ginástica sénior e por algumas alunas, se depararam com a porta da secretaria arrombada. Ao entrar, percebeu-se de imediato que o cofre tinha desaparecido.

A presidente descreve o cofre como “um modelo antigo, robusto, com cerca de 500 quilos e um metro de altura e largura”. No seu interior encontravam-se discos rígidos, chaves da carrinha da associação, cartões e documentação relevante, além de cerca de 4 mil euros em dinheiro. “Esse valor resultava de várias receitas, como o peditório feito pelo rancho folclórico no domingo anterior, durante um desfile etnográfico, e as inscrições em diversas atividades para o novo ano letivo que arrancou a 15 de setembro. As pessoas tinham acabado de pagar os seguros e as quotas anuais”, lamentou.

Os assaltantes terão entrado pela porta da secretaria, danificando o alumínio e partido a fechadura, “provavelmente com recurso a um pé-de-cabra”. “Forçaram uma das portas interiores, mas não conseguiram abri-la. Acabaram por partir a porta da secretaria. Dentro da sala, destruíram apenas o necessário para retirar o cofre. Não abriram gavetas, não mexeram em mais nada. Foram diretos ao que queriam. Sabiam o que procuravam e onde estava”, afirmou Estela José.

Para mover um cofre de meia tonelada sem deixar marcas, os assaltantes terão utilizado uma manta de retalhos pertencente ao museu do rancho folclórico e encontrada no chão da secretaria. “Presumimos que a usaram para arrastar o cofre até à porta. O mais impressionante é que não há um único risco no chão. Isto não podia ser feito por uma só pessoa. Foi claramente planeado”, sublinhou.

Apesar de não ser a primeira vez que a Casa do Povo de Fátima é alvo de um furto, “há alguns anos, também entraram na sala de convívio e levaram a caixa”, a presidente da associação sublinha que desta vez o prejuízo e os estragos foram maiores: “Apresentámos queixa. Depois soubemos que, com o cartão de débito que estava no cofre, conseguiram fazer dois levantamentos: um às 6h42 da manhã em Vermoil e outro às 7h02 em Pombal, no valor de 200 euros cada”.

Entretanto, o cofre foi descoberto no sábado seguinte. “A GNR de Ourém contactou-me a informar que o cofre tinha sido encontrado numa zona de mato florestal em Espite. Estava arrombado. Lá dentro deixaram apenas alguns documentos, cartões e as chaves suplentes da nossa carrinha. O resto — tudo o que tinha valor — desapareceu”, conta Estela.

A investigação está agora a cargo da Polícia Judiciária, que, segundo a responsável, não encontrou impressões digitais no local. “À partida, terão usado luvas. Não há suspeitos identificados, e sabemos que isto vai ser um processo lento e doloroso.”

Para Estela José, o impacto do assalto ultrapassa o prejuízo financeiro. “Estamos a falar de valores destinados ao pagamento de professores e despesas operacionais. É dinheiro que resulta do esforço voluntário de grupos como o rancho folclórico. Pessoas que investem o seu tempo para manter viva a associação. E, de repente, tudo desaparece. É muito ingrato.”

No domingo seguinte ao assalto, o rancho da associação realizou o seu Festival de Folclore, contando com o apoio da comunidade. “Foi emocionante ver o espírito de união. Não recebemos dinheiro diretamente, mas recebemos bolos para vender, descontos em refeições, suporte logístico e o apoio de alguns empresários e de pessoas da comunidade. Isso mostra que o espírito associativo ainda está vivo.”

Estela José garante que a Casa do Povo de Fátima continua a trabalhar e que mantém todas as atividades em funcionamento. O caso continua a ser investigado.