Dependência digital 

Editorial por Francisco Pereira

Vivemos num tempo em que a vida digital deixou de ser uma opção e se tornou numa necessidade. Quem não tem redes sociais, quem vive desconectado delas e do mundo digital, é como se não tivesse existência. O mesmo se passa com os negócios e com as empresas, em que aqueles ou aquelas que não têm presença na internet se arriscam a ficar esquecidos.

A utilidade das ferramentas digitais esbarra na dependência digital que se instalou. Se a internet falha, para tudo, ficamos perdidos, nem é bom pensar! Muito se fala desta dependência, dos seus riscos e desvantagens, do tempo (demasiado) que perdemos a olhar para os ecrãs. E não é um problema exclusivo dos mais jovens. Não raras vezes, vemos jovens e menos jovens colados ao telemóvel durante uma refeição inteira, à mesa de um restaurante, por exemplo, mesmo estando em grupo, entre família ou amigos.

A avalanche de informação que nos chega do online é avassaladora, por vezes inútil, e nem sempre conseguimos filtrar, distinguir a verdade da falsidade. Neste mundo desregulado, fértil em boatos e fake news, não há controlo. Os algoritmos priorizam o que é viral, o consumo rápido e, por vezes, retratam um mundo que não tem correspondência com a realidade.

Lá, no mundo digital, tudo acontece mais rápido, a uma velocidade vertiginosa, rápido demais, diremos nós. Nesta matéria, os jornais e rádios regionais podem, e devem, desempenhar um papel importante, de combate à desinformação, de criar condições para o equilíbrio entre a vida digital e a vida real. A imprensa regional deve priorizar o mundo real, o que importa para a vida das pessoas, a política, a sociedade, os problemas concretos do dia a dia, a cultura, os negócios e empresas locais, o comércio de bairro e as histórias reais da terra, de gente comum. Aqui a informação é verdadeira, é regulada, tem caras e pessoas responsáveis pela mesma. Mais do que nunca, precisamos de uma imprensa regional forte, não apenas para dar notícias, mas também para nos manter “conectados” ao mundo real.