Candidato à CMO pela coligação Ourém Sempre (PSD/CDS-PP) 

ENTREVISTA: Luís Miguel Albuquerque 

Ao fim de quase oito anos à frente dos destinos da Câmara Municipal de Ourém, o atual presidente recandidata-se àquele que será, caso vença, o seu terceiro e último mandato. Com uma governação marcada por forte investimento público, aposta na coesão territorial e na proximidade às populações. Luís Albuquerque acredita que o projeto iniciado em 2017 ainda tem caminho a percorrer. Em entrevista ao Notícias de Ourém, o autarca faz o balanço do trabalho realizado, aborda temas como saúde, habitação, imigração, ambiente e mobilidade, e apresenta a sua visão para os próximos quatro anos, garantindo que “o entusiasmo de servir Ourém é hoje igual ao do primeiro dia” 

Por, CARLA PAIXÃO 

Passaram quase oito anos desde que foi eleito presidente da Câmara Municipal de Ourém pela primeira vez. Como foi aquele primeiro dia no gabinete? O entusiasmo mantém-se até hoje? 

Por acaso, ainda esta manhã, estava a pensar nisso. Tenho hoje, exatamente, a mesma vontade de trabalhar em prol do concelho como tinha há oito anos. É evidente que a primeira vez que se ganham umas eleições é sempre diferente da segunda — e, se houver uma terceira, também será —, mas a motivação mantém-se igual. Só consigo desempenhar estas funções se me sentir motivado. Felizmente, sinto-me hoje exatamente como no primeiro dia. Caso contrário, não faria sentido continuar. 

Caso seja eleito, será o seu terceiro mandato. Sente que parte em vantagem nesta corrida?  

Sim e não. Por um lado, pode haver uma vantagem. Conhecemos melhor os processos, [e temos muitos em curso: estamos no meio de um quadro comunitário de apoio, com várias candidaturas em andamento, e quase no final do PRR]. Mas há também o desgaste, que é natural. Nem todos concordam com as decisões que tomamos, e ainda bem — isso faz parte da democracia. No entanto, quem já está conhece melhor os dossiês e isso é sempre uma vantagem. 

Há quem diga que em Ourém não há oposição. Concorda com essa perceção? Isso é sinal de estabilidade ou de falta de pluralismo? 

Depende da perspetiva. Pode ser visto como um sinal de que o trabalho realizado é reconhecido pela maioria e, por isso, não surgiu uma oposição forte. Por outro lado, pode haver quem entenda que a oposição não se organizou devidamente. Mas a democracia está a funcionar: há quatro candidaturas, com diferentes níveis de organização e visibilidade. Há espírito crítico e isso é o mais importante. 

Nas últimas Legislativas, o Chega foi a segunda força mais votada em Ourém (25%), à frente do PS (11%). Acredita que esse resultado vai refletir-se nas eleições autárquicas? 

Não me parece. As eleições autárquicas são completamente diferentes. Aqui vota-se para escolher quem melhor gere os recursos do concelho, quem melhor conhece o território. As pessoas sabem distinguir. Dou-lhe um exemplo: em 2009, o PS ganhou as legislativas em Ourém e perdeu as autárquicas meses depois. E, é importante esclarecer: o Dr. André Ventura, que aparece por aí nos cartazes todos, não é candidato à Câmara de Ourém. A candidata do Chega é uma senhora que se chama Rita Sousa. O eleitorado já sabe distinguir e não se deixa enganar por panfletos com figuras nacionais. 

Qual é a sua aposta para a configuração do novo executivo? 

Não aposto. O resultado de 2021 (6-1) foi uma surpresa. Poderá repetir-se? Talvez. Mas será o reflexo do que fizemos nestes últimos quatro anos. Se as pessoas estiverem satisfeitas, dar-nos-ão novamente a confiança. Se acharem que outro candidato tem melhores condições, então que votem nessa alternativa. Queremos ganhar e, se possível, com uma vitória reforçada — na linha de 2021, não necessariamente 7-0. 

Está disponível para trabalhar com todos os partidos? 

Sempre estivemos. Nunca deixámos de ouvir a vereadora do PS [Cília Seixo] ou os membros da Assembleia Municipal, seja do PS, do Chega ou do MOVE [Movimento Independente]. Não sabemos tudo e os outros também têm ideias. O nosso espírito é sempre o de colaboração. 

Costuma dizer-se que “em equipa vencedora não se mexe”, mas a sua lista apresenta algumas alterações: saem a vice-presidente Isabel Costa e o vereador Gonçalo Bento. O que motivou estas mudanças? 

Fazer listas não é fácil. Procurámos cumprir a paridade e representar todas as zonas do concelho. O equilíbrio geográfico foi uma prioridade. Além disso, é importante garantir uma transição com uma liderança diferente, mas com continuidade no projeto iniciado há oito anos. 

Que balanço faz destes oito anos de governação? 

Extremamente positivo. Em 2017, o concelho perdia população. Hoje, conseguimos reverter isso. Temos uma taxa de desemprego de 1,8% — praticamente pleno emprego. As empresas têm sido fundamentais, mas também criámos melhores condições urbanas e de vida. Fátima tem hoje quase todas as entradas requalificadas. Freixianda já tem uma zona industrial; em Caxarias, o edifício multiusos já é uma realidade. Requalificámos o Castelo, o Teatro Municipal, ampliámos redes de saneamento. O concelho mudou muito. 

E o que é que ficou por cumprir? 

Há sempre algo que fica para trás. O Centro de Congressos de Fátima, por exemplo, gostaria que estivesse mais adiantado. A requalificação da Avenida João XXIII, em Fátima, também está atrasada. São projetos complexos. A ligação rodoviária entre Ourém e Fátima, por exemplo, é difícil de concretizar devido à orografia e às construções existentes. Investir 10 ou 15 milhões de euros para poupar 3 minutos de viagem não sei se se justifica.  

(Entrevista completa na edição de 12/09/2025)