O CRISTÃO É PORTADOR E SEMEADOR DE PAZ E DE BEM 

Vivemos num mundo onde pulula a suspeita, a calúnia, o conflito, a violência e o mal. Estes parecem prevalecer sobre o bem, a boa convivência e a relação fraterna entre as pessoas. As comunicações sociais, os meios digitais ou simplesmente o boca-a-boca favorecem muito este ambiente. Todos podemos ser arrastados para este modo de viver em sociedade, se não estivermos de olhos abertos e não tivermos princípios que nos guiem e movam a viver e agir de outro modo. Precisamos de descobrir e adotar uma maneira diferente de estar no mundo. 

Uma vez, Jesus enviou os seus discípulos, “como cordeiros para o meio de lobos””, para levarem a paz e o bem de Deus às casas e às cidades. Vão em seu nome para anunciar e fazer as pessoas experimentarem a proximidade do Reino de Deus, não apenas com as palavras de que são portadores, mas também pela cura dos doentes. Mesmo quando são rejeitados, não amaldiçoam, mas continuam a proclamar: “Ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou”. Os discípulos partiram e a missão correu tão bem que eles regressam felizes por muitas pessoas serem libertadas dos males que as atormentavam. Jesus observa-lhes que o motivo de maior alegria era antes por os seus nomes estavam “escritos no Céu” (cf Lc 10, 1-20). Por outras palavras, porque eles estavam em Deus e ele foi o principal motivo do sucesso que tiveram. 

A mesma missão de ser portador da paz e do bem de Deus é confiada por Jesus, hoje, a todos os cristãos, “a todos, todos, todos”. O que receberam deverão partilhar com os outros. Fazem-no, não com atos heroicos e de grande impacto, mas com o seu modo de viver e agir no dia a dia. Com o seu trabalho, as suas responsabilidades e empenhos na família e na sociedade. Vivem e agem como “novas criaturas”, segundo o modo de se exprimir de S. Paulo. Na verdade, os cristãos, qualquer que seja a sua vocação, são enviados ao mundo para o tornarem melhor do que o encontraram. 

Jesus quer que os seus discípulos sejam transformadores dos ambientes em que vivem e trabalham. Por isso, lhes dizia que são luz, sal e fermento onde quer que estejam. E explicita que é através das boas obras feitas por eles que a luz de Deus brilha diante dos homens, levando estes a bendizer a Deus. São, portanto, os atos virtuosos de coragem, honestidade, generosidade, perdão e respeito pelos outros que contribuem para semear paz e bem na sociedade. 

Não nos deixemos contaminar pelo mundo nem arrastar pelos modos de agir e de falar dos outros, ainda que nos pareçam ser a maioria. Semeemos a paz e o bem com generosidade e façamos pedaços de mundo melhor com os nossos esforços, dando a mão a todos aqueles que connosco sintonizam no mesmo objetivo. Parece utopia, mas é o único caminho que traz esperança a todos os que a procuram. 

                                                                                                                           P. Jorge Guarda 

    Ourém, 6.7.2025