Entrevista: Ana Carvalho, Diretora do Museu Municipal de Ourém 

Um Museu que quer ser “casa”  

Os museus são guardiões de memórias, mas também espaços vivos. Lugares que convidam ao debate e à reflexão. Lugares que querem ser casa. Aliados do desenvolvimento do território e do fortalecimento comunitário, de portas sempre abertas para receber visitantes — e também sempre disponíveis para “sair ao encontro”, levando o museu para além das suas paredes.   

A conversa, prometida há algum tempo, surge agora, a pretexto do Dia Internacional dos Museus, assinalado a 18 de maio. Ana Carvalho, Diretora do Museu Municipal de Ourém (MMO), acompanhou-nos numa “visita guiada” pelos vários núcleos museológicos do concelho, lugares com histórias e memórias que marcam o passado, mas que não deixam de tocar o presente e vislumbrar o futuro. 

Por, CARLA PAIXÃO 

Estamos no Museu Municipal de Ourém. Começo por perguntar-lhe: que casa é esta?  

O Museu Municipal de Ourém funciona como uma rede de espaços museológicos espalhados pelo concelho. Este, onde nos encontramos, é a Casa do Administrador, o primeiro núcleo do museu, que abriu portas em 2009 e que agora, no dia 4 de julho, comemora 16 anos. Este espaço tem um caráter expositivo e interpretativo. É particularmente simbólico por ter sido a residência de Artur de Oliveira Santos, uma figura marcante da história local e nacional, especialmente por ser o Administrador de Ourém na época das aparições na Cova de Iria. 

Posso pedir-lhe que faça uma “visita guiada” aos nossos leitores, pelos “recantos” da Casa do Administrador? 

A Casa do Administrador alberga duas exposições permanentes. No piso térreo, temos uma mostra dedicada ao território de Ourém – o património edificado, o património natural – que contextualiza o visitante. No primeiro piso, seguimos uma narrativa cronológica desde a República até às primeiras décadas do século XX. A história local cruza-se com a nacional: falamos da transição da monarquia para a república, da Primeira Guerra Mundial, da crise de abastecimento, da epidemia, e claro, do fenómeno das aparições.