DESPEDIDA E ESPERANÇA
Com a presente edição, termina a ligação do jornal Notícia de Ourém ao Património dos Pobres da Freguesia de Nossa Senhora da Piedade, que vinha desde 17 de março de 1968. Nesse ano, recebera essa herança dos proprietários do jornal o pároco local, padre Manuel Simões Bento, de saudosa e grata memória. Foram 57 anos de caminho comum, de inquietações, dúvidas e esperanças, de alegrias e tristezas, de aflições e satisfações, pelo cuidado no serviço aos leitores, anunciantes e fornecedores. A defesa e promoção do desenvolvimento do concelho de Ourém e a sensibilidade e solidariedade com os pobres foram os grandes desígnios com que o Jornal foi fundado e aos quais se tem mantido fiel até ao presente.
Cabe agora à Normedia, empresa do grupo Tecnorém, com os jornalistas e demais colaboradores, continuar a pugnar pelas mesmas causas. Estou certo de que o farão, seguramente em melhores condições e com meios inovadores, para continuar a merecer a confiança de quem espera algo de bom e útil deste meio de comunicação social. Tenho fundadas esperanças de que o Notícias de Ourém fica em boas mãos, pelo que pode ter futuro e servir a população do Concelho, tanto a que nele reside com a que vive longe, na emigração, mas mantêm fortes ligações às suas raízes ourienses.
Quanto ao Património dos Pobres da Freguesia de Vila Nova de Ourém, ele é uma instituição de solidariedade social criada pela Fábrica da Igreja Paroquial, com estatutos aprovados em 5/2/1959, ao tempo do pároco padre Henrique Antunes Fernandes. Os seus estatutos definem “que se destina primariamente à construção e administração de moradias para pobres e indigentes e subsidiariamente a todos os fins de caridade, educação, profilaxia e assistência conexos com o seu fim primário” (art. 1.º). Na paróquia, tem agido em ligação com a respetiva Conferência de São Vicente de Paulo e esperamos que assim possa continuar.
Nesta área da solidariedade social, houve mudanças significativas na sociedade. Há hoje meios e instituições que não existiam aquando da criação do Património dos Pobres. Infelizmente, continua, no entanto, a haver pessoas carenciadas de habitação e de meios de vida essenciais. A comunidade paroquial não pode, por isso, alhear-se desta situação, mas deve encontrar as formas adequadas aos tempos e situação atuais para continuar a cumprir a sua missão de praticar as obras de misericórdia. Daí que o Património dos Pobres juntamente com a Conferência vicentina e outras forças vivas da paróquia deverão ler atentamente os sinais dos tempos e discernir o rumo e as formas de continuar a ajudar os mais pobres, envolvendo-os também a eles próprios e cooperando com instituições e serviços públicos na área social e de solidariedade. Por este caminho haveremos de ir, se não nos faltar amor no coração e gente de boa vontade para fazer o bem ao seu próximo.
Ao Notícias de Ourém, os nossos votos de um bom futuro, nas novas mãos e no novo rumo que se abre à sua frente.
Padre Jorge Guarda
Presidente do Conselho de Administração do Património dos Pobres.
29.4.2025