Pobres 

A semana que passou juntou dois momentos que, sendo de natureza diferente, se encontram na reflexão sobre a pobreza e a forma como está distribuída a riqueza no mundo. Muito mal distribuída! 

A 17 de novembro, por iniciativa do Papa Francisco, assinalou-se pela oitava vez o Dia Mundial dos Pobres. Esta escolha do Papa em colocar, a cada ano, a ênfase nos mais carenciados não é só uma marca particular deste pontífice, é o reconhecimento da própria natureza do cristianismo que, desde a origem, coloca no centro os que ficam na margem da sociedade humana. 

Na mesma altura, quase do outro lado do mundo, no Rio de Janeiro, Brasil, reuniram-se os chefes de estado das 20 maiores economias do mundo, o G20. Vinte países, de entre quase 200 que existem em todo o mundo, representam perto de 90 por cento da riqueza mundial, os restantes todos juntos apenas possuem pouco mais do que uma décima parte. 

O presidente anfitrião da reunião do G20, presidente Lula, fez uma observação muito pertinente: “o símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza”. E o resultado político mais relevante desta cimeira será, provavelmente, a constituição da Aliança Global conta a Fome, congregando esforços de perto de 150 membros fundadores, entre nações e várias organizações. 

A fome, que persiste no mundo de forma incompreensível, atinge de forma permanente mais de 700 milhões de pessoas; no mesmo mundo onde o desperdício alimentar é enorme, e onde não falta comida que daria para superir as necessidades de todos. Imaginar que metade da riqueza mundial é detida por apenas um por cento da população dá muito que pensar, sobretudo quando olhamos para milhões de pessoas que não conseguem ter o mínimo para sobreviver. 

Numa abordagem mais política, partindo dos chefes de estado, ou num esforço mais individual, de acordo com o apelo do Papa Francisco, todos temos um papel a desempenhar para ultrapassar um problema que nos devia inquietar constantemente. 

O Jornal Notícias de Ourém, precisamente, faz parte de uma instituição chamada Património dos Pobres e há muitas décadas a atenção aos mais desfavorecidos faz parte da orientação mais fundamental da nossa missão. Este Natal desejamos, de forma simbólica, dar continuidade a esta tradição, repetindo o gesto de outros anos, com distribuição de cabazes de Natal a famílias carenciadas. Sabemos que é um gesto pequeno, mas queremos colocar nele todo o simbolismo e dar um sinal de que devemos todos ficar atentos aos mais frágeis da nossa vizinhança.